A Importância do Dimensionamento Correto do Composto Elastomérico para a Segurança Plena na Aplicação de Elementos de Vedação em Petróleo e Gás
- Dr. Ricardo Santos Ferreira

- 30 de jun.
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Atualizado: 8 de jul.
Dr. Ricardo Santos Ferreira – Fundador e CVO da Athon S/A. Especialista em elementos de vedação para Perfuração e Exploração de Petróleo e Gás Na indústria de petróleo e gás, particularmente em aplicações offshore e de alta pressão, os elementos de vedação são componentes críticos para manter a integridade dos sistemas e evitar falhas catastróficas. No centro do desempenho desses elementos está o composto elastomérico, cuja formulação e dimensionamento devem ser criteriosamente definidos conforme as condições operacionais do sistema. Este artigo aborda os principais aspectos técnicos e os riscos associados à má especificação do composto, destacando sua influência direta na confiabilidade, segurança e durabilidade das vedações em ambientes hostis.
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1. Introdução
As operações de perfuração e produção de petróleo exigem vedações confiáveis e duradouras, capazes de suportar pressões elevadas, temperaturas extremas, cargas cíclicas e exposição contínua a fluidos agressivos como H₂S, CO₂, salmoura e hidrocarbonetos aromáticos. Nessa equação, o composto elastomérico não pode ser tratado como um insumo genérico. Ele deve ser dimensionado com precisão, levando em consideração variáveis críticas como compressibilidade, resistência química, dureza, fadiga térmica e elasticidade.
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2. O papel dos elastômeros nas vedações críticas
Elastômeros são polímeros com elevada capacidade de deformação elástica, utilizados para fabricar:
• O-rings
• Back-up rings
• Lip seals
• Vedadores moldados e perfis especiais
A performance desses elementos depende diretamente das propriedades físico-químicas do composto, que por sua vez são definidas por:
• Tipo de polímero base (ex: FKM, HNBR, EPDM, FFKM)
• Sistema de cura (peróxido, enxofre, etc.)
• Carga reforçante (negro de fumo, sílica)
• Plastificantes, antioxidantes e agentes de processo
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3. Riscos do subdimensionamento ou superdimensionamento
A má escolha do composto pode gerar:
• Degradação química precoce, levando à perda de elasticidade e vedação
• Extrusão sob alta pressão, principalmente em vedações dinâmicas
• Compression set elevado, com deformação permanente do selo
• Embrittlement térmico (enrijecimento em altas temperaturas)
• Falhas por permeabilidade excessiva a gases
Essas falhas podem gerar vazamentos de fluido, contaminação do sistema, paradas não programadas e até acidentes ambientais e humanos graves.
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4. Critérios de dimensionamento seguro
O dimensionamento adequado de compostos elastoméricos deve considerar:
• Faixa de temperatura operacional contínua e de pico
• Pressão de trabalho estática e dinâmica (inclusive picos transitórios)
• Ciclos de carga mecânica e térmica esperados
• Compatibilidade com o fluido de contato primário e secundário
• Condições de envelhecimento químico e oxidativo esperadas
• Normas de qualificação exigidas (API 6A Annex F, NORSOK M-710, etc.)
Além disso, é indispensável a validação laboratorial com testes de:
• Compression set
• Resistência à tração e alongamento
• Dureza Shore A/D
• Volume swell em contato com fluidos críticos
• Envelhecimento acelerado térmico e químico
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5. Conclusão
Em aplicações críticas como a perfuração e produção de petróleo e gás, não existe margem para erro na especificação do composto elastomérico. O dimensionamento correto, baseado em engenharia de materiais avançada, é o que garante a vedação plena, a segurança do sistema e a vida útil dos componentes.
A abordagem técnica e preventiva deve sempre prevalecer: investir em composto certo é investir em segurança, produtividade e continuidade operacional.
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Referências Técnicas
1. API 6A – Specification for Wellhead and Christmas Tree Equipment
2. NORSOK M-710 – Qualification of non-metallic sealing materials
3. ISO 23936 – Non-metallic materials for oil and gas production
4. ASTM D1414 – Standard Test Methods for Rubber O-Rings




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